quinta-feira, 19 de agosto de 2010

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SECÇÃO: Raia

Aldeia do concelho de Penamacor presta tributo aos emigrantes

Os que partiram homenageados pelos que ficaram

O Meimão inaugurou o monumento ao emigrante, numa altura em que a aldeia ganha vida com o regresso dos filhos da terra.


Por: José Furtado

19 de Agosto de 2010 às 14:49h
O monumento já lá estava há alguns meses, mas a inauguração aconteceu no momento certo. A Junta de Freguesia de Meimão aproveitou o regresso dos emigrantes à aldeia para homenagear os que partiram e voltam sempre que Agosto entra no calendário.

Arménio Pires é apenas um dos que tem uma história de vida marcada pela emigração. Nascido há 53 anos na aldeia, partiu para França com 26 anos, atrás da mulher com quem casou e que já vivia em terras gaulesas. Tinha trabalho em Portugal, mas em França era outra coisa. “As condições lá eram melhores do que aqui”, recorda na aldeia natal, onde passa quatro a cinco semanas por ano na altura do Verão.

Arménio Pires faz questão de vir todos os anos à aldeia, mas nem isso atenua o facto de em 28 anos só ter passado uma vez o Natal no Meimão. “Por trás da palavra emigrante há a palavra saudade”, afirma o emigrante, que diz ter tido sorte com as filhas – de 26 e 23 anos – que todos os anos o incentivam a regressar às origens. A simples perspectiva de isso não acontecer é motivo de choro para as duas jovens que nasceram e viveram sempre em França.

O monumento da autoria de Eugénio Macedo foi inaugurado na última sexta-feira e mostra o mundo junto a um homem de chapéu na cabeça e mala, como que pronto para partir. Foi o que fizeram e continuam a fazer muitos dos que nasceram no Meimão ao longo das últimas décadas.

“É sempre com alguma mágoa que vemos os nossos jovens partirem à procura de melhores condições de vida noutras paragens. É uma realidade que não se pode esconder e por enquanto penso que ninguém tem a solução para que os jovens permaneçam mais tempo nas suas aldeias de origem”, afirmou o presidente da Junta de Freguesia de Meimão na inauguração. Francisco Campos recordou os que partiram sem nada e hoje são um exemplo de vida para a aldeia.


Presidente emocionado


A homenagem feita em Meimão também foi especial para um emigrante regressado há muito a Portugal. Domingos Torrão, o presidente da Câmara Municipal de Penamacor, confessou-se emocionado com o momento, recordando que antes do 25 de Abril de 1974 também passou a fronteira a salto, como muitos da geração marcada pela Guerra Colonial. O autarca afirmou que foi nessa altura que se começou a aperceber do difícil que era para gente que não sabia ler nem escrever conseguir vencer fora de portas.

Domingos Torrão entende também que é preciso dar atenção aos que foram para outras zonas do país e que podem regressar às terras de origem. “Se há coisa que nós precisamos é de pessoas. A qualidade de vida está aqui, não tenham dúvidas absolutamente nenhumas”.

Ironia do destino, a obra criada para os emigrantes que partiram do Meimão foi erguida com a ajuda de um imigrante ucraniano. Pela homenagem o presidente da junta de freguesia só deixa um pedido: “não se esqueçam da terra que vos viu nascer”.

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