sexta-feira, 20 de agosto de 2010

ALFREDO BASTOS

O EMIGRANTE
Verdadeiro herói, aventureiro e humanista

O emigrante é como um elo de uma corrente que se solta.
Parte num sonho projectado de ilusões, numa busca de realização e melhor vida.

Lá longe, num mundo desconhecido e inóspito, de gente estranha e costumes diferentes, bem depressa lhe seca a alma, se apaga o fogo de vida e mergulha na tristeza.
Não vê passar um dia sem que se recorde do local de vivência que deixou para trás.
Quanto é duro ele ter de pensar: Será que um dia tornarei a ver os lugares que me viram nascer, e onde o meu coração abriu às primeiras palpitações da alegria, e do amor; Será que voltarei a por os pés no limiar do meu doce albergue, nem farei repousar a minha cinza na terra de meus pais; e que nenhum amigo derramará uma só lágrima sobre a minha sepultura ?!!!!!
Oh! Como é doloroso viver sempre entre vãs esperanças, sem casa fixa, carinho dos seus, nem terra, e errar de contínuo nos braços do acaso, e depender dos incertos poderes, dos caprichos da fortuna; ter de contar com a boa vontade e ajuda alheia dos outros. Oh! quanto é doloroso fugir ou despregar-se o homem da própria pátria, abandonar seus campos, partilhar longe uma fria e estéril ajuda, lembrar-se de uma Mãe idosa, de um Pai decrépito, de uma família desamparada.

Passados anos, depois de muita labuta, sacrifícios, necessidades, é glorioso ver o emigrante, com a cabeça cheia de cabelos brancos e as rugas de toda uma difícil luta, regressar feliz à sua aldeia, ao mundo e família que deixou e agora o abraça de saudades.

Hoje, ao comemorar-se a inauguração do Monumento ao Emigrante na aldeia de Meimão, será feita uma justa homenagem a todos aqueles que outrora e também presentemente, foram e são emigrantes.
Perante este soberbo monumento dedicado àqueles heróis emigrantes, ajoelhemos de admiração e superior respeito. O sonho comanda a vida.

Glória à actual Junta e Assembleia de Freguesia de Meimão e Presidência da Câmara Municipal de Penamacor. Glória ao sonho, ao ideal realizado com amor e persistência pelo dinâmico Meimãoense Francisco José Sapinho Amaro de Campos.
Glória aos antigos e aos actuais emigrantes da Freguesia do Meimão.

Permitam-me partilhar, com respeito e felicidade, com estas palavras, esta singela homenagem. Para terminar, recordo, por semelhança com a raiana Beira Baixa, uma adaptação ao “Cantar de Emigração”, da poetiza da Galiza, Rosalía de Castro:

“Este parte, aquele parte
E todos, todos se vão.
Meimão, ficas sem homens
Que possam cortar teu pão”.
Bem hajam.

Meimão, 13 de Agosto de 2010 ALFREDO BASTOS

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